25 de mai. de 2010

Alimente-se bem e viva melhor

Dieta específica na terceira idade melhora a qualidade de vida

Por Carolina Paccini

No processo de envelhecimento, as pessoas precisam tomar certos cuidados. Um deles é na alimentação. Para cada fase da vida existe uma dieta específica. Na terceira idade, algumas mudanças nos hábitos alimentares são necessárias para que o idoso tenha uma boa qualidade de vida.

Maria Portilho, 72, teve de adquirir novos hábitos alimentares e reconhece como foi importante. Na juventude, se alimentava com comidas gordurosas e muitos doces. Agora, tem que ter um cuidado maior com o que come. “Hoje tenho diabetes. Por isso, tive que cortar muitas coisas que gosto”. Mesmo com todo o cuidado de que deve se alimentar melhor, ainda faz dietas sem acompanhamento nutricional para emagrecer. Da última vez, ficou muito fraca e perdeu 15 quilos. Debilitada física e emocionalmente, os rins quase pararam. “O apoio da família está sendo fundamental para a minha melhora” conta. Hoje, segue orientações do médico e de uma nutricionista para reabilitar-se.

A nutricionista Isabela Campos explica que no decorrer da vida o organismo sofre mudanças. Segundo ela, as mais comuns são a diminuição do limiar do gosto e a atrofia de células do intestino, o que gera menor absorção de vitaminas e minerais. A nutricionista afirma que, com menor sensibilidade gustativa, torna-se necessário um cuidado maior no preparo dos alimentos. “A refeição dos idosos deve ser atrativa, sem condimentos industrializados e rica em temperos naturais e líquidos. Composta de frutas, hortaliças, leite e derivados, e carnes magras”, diz.

Quando existe um quadro de doenças, devem ser tomados maiores cuidados com a ingestão de alimentos para que não ocorra o agravamento do problema. Mas é importante também que o idoso não se sinta excluído ou rejeitado quando vai se alimentar. Se ele tem alguma necessidade especial como hipertensão, por exemplo, é preciso que a família adote hábitos saudáveis também, como retirar o saleiro da mesa ou não temperar saladas com molhos prontos.

Isabela lembra o quanto é importante se alimentar corretamente em qualquer idade. Além disso, também é preciso conter os abusos. “É valido ressaltar a importância de uma alimentação saudável em qualquer fase da vida. Não se pode haver exageros na quantidade de sal, temperos prontos, doces e bebidas alcoólicas”, afirma.

Chegou a hora de malhar

Academias de ginástica gratuitas e ao ar livre agradam idosos no Lago Norte


Por Mariana Rosa de Lima

João Augusto de Oliveira, 65, sofreu uma parada cardíaca em agosto de 2008. Depois do episódio, considerado por ele como a pior experiência vivida, mudou a rotina. Passou a fazer atividades físicas com frequência. Como não gosta do clima tradicional de malhação, Oliveira encontrou nas academias ao ar livre do Lago Norte o espaço ideal para a prática. “Moro aqui desde 1975 e achei a ideia excelente. Precisávamos de espaços gratuitos na região. Aqui não tem hora marcada e sempre encontro os amigos”, afirma.

Oliveira está falando sobre o projeto Academia da Melhor Idade, uma iniciativa da administração do Lago Norte. São espaços públicos construídos com o apoio de empresas locais que doaram equipamentos adaptados para os idosos. Cinco academias estão espalhadas pelo bairro: na QL 02, QI 03, QL 16, Setor Habitacional Taquari e Setor de Mansões.

No Lago Norte, 60% dos moradores têm mais de 60 anos. Para o administrador Humberto Léda, o projeto é ideal para melhorar a qualidade de vida. “Essa é uma ação de cidadania, um dos projetos que tiveram a melhor receptividade entre os cidadãos. Elas estão sempre cheias”, explica. O local não é de uso exclusivo da terceira idade, mas Léda deixa o recado: “Tentamos conscientizar os mais jovens a usarem com seriedade os equipamentos e evitar gastos com a manutenção. Colocamos faixas e distribuímos panfletos sobre o assunto”, explica.

Companhias de engenharia que mais atuam na cidade foram convidadas pela administração a participar do projeto. A academia do Parque Vivencial II (QL 02) foi patrocinada pela Engeagro. A da QI 03, construída pela Base Engenharia. Para Roberto Botelho, diretor comercial da empresa, foi uma ótima benfeitoria. “A nossa praça é a mais frequentada pelos idosos. Nós construímos e compramos os equipamentos para eles. Ela faz parte de outros projetos sociais que temos”, conta. Os patrocinadores recebem uma placa inaugural e têm o nome da empresa afixada nos equipamentos.

São nove aparelhos. Entre eles, o simulador de caminhada é o que faz mais sucesso. Aumenta a mobilidade dos membros inferiores e desenvolve a coordenação motora. Completam a lista os aparelhos de esqui, simulador de cavalgada, rotação dupla diagonal, pressão de pernas, multi-exercitador, alongador, rotação vertical e remada sentada.

Vestir-se bem é regra para todos

Encontrar lojas de roupa voltadas para a terceira idade é o desafio que muitos com mais de 50 anos encontram na hora de se vestir

Por Flaviana Damasceno

A expectativa de vida no Brasil tem aumentado a cada ano. Com isso, a população de idosos se torna cada vez mais ativa na sociedade. O mercado da moda no Distrito Federal não mostra muito empenho em atender esse público, que se acostumou a usar os mesmos modelos e as mesmas cores. Os empresários que se atentarem a esse espaço, portanto, terão chances de obter grande retorno financeiro.

A butique Dyjô é uma das poucas lojas que tem como público-alvo pessoas mais velhas. A vendedora Sandra Bezerra, 23, trabalha na loja há seis meses e conta que, de 10 clientes que entram para comprar, nove são idosos e geralmente ninguém sai de mãos abanando. “Eles não saem de casa pra bater perna no shopping. Saem para comprar mesmo”, explica. As principais peças vendidas na loja são as calças com elástico e os vestidos clássicos, na maioria das vezes em tons pastéis.

A aposentada Maria de Lurdes Moreira, 81, é cliente da loja há mais de 30 anos e gosta das peças mais discretas. A aposentada acredita que o importante é se sentir bem. “Temos que nos vestir com o mínimo de senso, porque roupa curta é coisa pra jovem. É claro que existem exceções. A Hebe Camargo, por exemplo, deixa as costas aparecerem e fica linda”, justifica. Já a administradora Maria Miranda, 56, compra roupa em vários tipos de lojas. Ela gosta de usar calça jeans, blusa mula-manca e vestidos – mas estes, abaixo do joelho. “Eu acho joelho de idoso muito feio. Gosto de estar na moda, mas sei identificar o que é ridículo”, diz.

Para o consultor em design de moda Marco Antônio Vieira, 37, o erro mais comum desse público na hora de se vestir é a dificuldade do equilíbrio entre tentar parecer mais jovem, por meio da roupa, e parecer excessivamente envelhecido. O consultor reconhece que o mercado carece de ofertas mais específicas para a terceira idade. “É fundamental que as pessoas dessa faixa etária possam contar, sempre que possível, com o auxílio de um consultor de imagem”, sugere Marco Antônio.

Dicas
O consultor Marco Antônio dá algumas para não errar na hora de se vestir:
- Evite a todo custo apelar para roupas excessivamente curtas, como mini-saias e “tops”;
- Evite roupas demasiadamente juvenis, com cores florescentes e muito brilho;
- Evite roupas que mumifiquem a aparência.

Onde encontrar
Além da butique Dyjô, no Conjunto Nacional, a loja Ki-Graça, na 209 Sul, também é especializada em roupas para a terceira idade. A Ki-Graça possui muitas alternativas interessantes, principalmente para números maiores, mas só atende o público feminino.

Programa ajuda na melhora da qualidade de vida

Mais Vividos do SESC tem a participação de mais de 900 idosos em atividades coletivas

Por Amanda Lisboa e Suelen Faria

O SESC/DF proporciona, há mais de 40 anos, momentos de entretenimento e, consequentemente, uma melhora na qualidade de vida de pessoas idosas pelo programa Mais Vividos. Para fazer parte do programa é preciso ter mais de 60 anos e possuir a carteirinha de sócio. As atividades são bem diversificadas. São tardes com música ao vivo, dança cigana, que ajuda na coordenação motora, e até aulas de teatro. Os idosos também participam de eventos como bingos, visitas a museus e confraternizações.

São desenvolvidas atividades extras, como a Caminhada de Orientação no parque. O projeto é realizado em parceria com o Ministério da Defesa, em que é feito um trabalho de educação ambiental. Há também o Na Cozinha Com a Vovó, um local onde crianças de seis a 12 anos participam de aulas de culinária com as idosas. A atividade tem o intuito de promover a relação entre as gerações.

O programa conta com o número de mulheres superior ao de homens. As unidades do SESC na 913 Sul, Guará, Gama, Taguatinga Norte e Taguatinga Sul desenvolvem o programa. Regina Caetano, coordenadora do programa, nos fala um pouco mais sobre as atividades.

3º Olhar: Qual o principal objetivo do programa Mais Vividos?

Regina Caetano: Desenvolver atividades que promovam o envelhecimento ativo em todas as dimensões, percebendo a velhice como um processo inerente à vida humana. Busca-se, nesta perspectiva, desenvolvimento de habilidades, troca de saberes, ocupação prazerosa do tempo, identificação de novos interesses e o desenvolvimento dessas novas habilidades. Procuramos programar atividades diversificadas que contribuam para a elevação da auto-estima, estabelecimento de novos objetivos e melhor qualidade de vida, tendo como parâmetro a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS).


3ºO: É notada uma melhora na qualidade de vida dos idosos que participam do programa?

RC: O trabalho é desenvolvido com as pessoas idosas, tendo como enfoque o envelhecimento ativo. Elas demonstram grande melhoria nas perspectivas de vida, uma vez que começam a desenvolver novas atividades, estabelecer novos relacionamentos e adquirem habilidades que antes não tinham. Como consequência, temos pessoas mais saudáveis e com melhor capacidade funcional.


3ºO: Como os idosos se sentem tendo um tempo reservado para eles?

RC: A resposta dos idosos quanto a terem um espaço destinado a eles se reflete no interesse que demonstram em participar e na divulgação que fazem, convidando outras pessoas a ingressarem nesse grupo de convivência.


3ºO: Quais são as perspectivas futuras do programa?

RC:Temos como perspectiva ampliar o atendimento e a prestação de serviços que estejam de acordo com as necessidades e interesses dos idosos.

24 de mai. de 2010

Osteoporose: a doença invisível

Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o mal como a epidemia silenciosa do século

Por Carolina Paccini

Doença crônica que atinge os ossos torna-os frágeis e mais fáceis de fraturar. Mais de 75 milhões de pessoas na Europa, Japão e EUA, são acometidas pela osteoporose, causando mais de 2,3 milhões de fraturas anualmente, segundo a OMS. Considerando o último censo do IBGE, a Sociedade Brasileira de Osteoporose estima que existam 5,5 milhões de brasileiros com o mal. A Cartilha da Secretaria de Saúde do Distrito Federal do Programa de Prevenção e Diagnóstico de Osteoporose estima que 30% das mulheres brancas e 20% dos homens brancos após 50 anos terão pelo menos uma fratura por causa da doença.

Coordenadora do programa no DF, a reumatologista Helenice Gonçalves explica que desde cedo as pessoas precisam se precaver. “A prevenção deve ocorrer desde criança para que forme uma boa massa óssea”.

Para alguns idosos, a descoberta acaba sendo uma forma de adquirir novos hábitos, como a busca por atividades físicas como forma de tratamento. É o caso de Leda Machado de Souza, 66, que foi diagnosticada há cerca de um ano. Por ordem médica, aumentou o consumo de peixe, alimento rico em Ômega 3, e passou a praticar exercícios. Começou com aulas de dança e faz musculação no Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Atividade Física para Idoso, GEPAFI, que fica na Universidade de Brasília, UnB.

Terezinha Parente, 70, descobriu que tinha osteopenia, perda da massa óssea, que se transformou em osteoporose há dois anos e meio. Teve que mudar a alimentação, tomar cálcio e diminuir o café, além de se medicar contra a doença uma vez por mês e pegar mais sol.

A professora de Educação Física especializada em reabilitação e qualidade de vida do idoso do GEPAFI, Carolina D’umbra, explica a importância do exercício na terceira idade. “Assim, ganham massa muscular e óssea que perderam ao longo do envelhecimento”. Ela aponta outros benefícios das atividades físicas. “Há melhora na circulação e condicionamento físico. Criam independência e disposição, além de aumentar o convívio social”, completa.

Quem sofre desse mal só sente dor quando ocorrem lesões. Não existem sintomas visíveis. Por isso, quem está com 70 anos ou mais deve fazer o exame de densitometria, que verifica se há perda da massa óssea, de acordo com a cartilha da Secretaria de Saúde do Programa de Prevenção e Diagnóstico de Osteoporose.

Companheiros contra a solidão

Animais de estimação alegram a casa e são ótimos amigos

Por Dayara Martins e Carolina Paccini

Animais de estimação são excelentes companheiros para o ser humano. Para quem chegou à terceira idade, acabam se tornando companhias ainda melhores. Depois que adquirem um bicho, muitos voltam a ter disposição e ânimo para realizar as atividades cotidianas. O que antes tinha sido deixado de lado por alguns, como caminhar, ter vaidade ou sair, torna-se prazeroso de novo. Tudo porque sentem-se responsáveis por alguém outra vez, que no caso, depende deles, como uma criança, para viver.

Maria de Lourdes, 73, viúva há quase dois anos, sempre viveu para a família. Depois que os filhos se casaram, dedicou-se exclusivamente ao marido. Quando moravam em uma fazenda, ele cuidava do gado e ela da casa. “Eu tinha uma vida que me entretinha”. Com a morte do marido, tudo mudou. “Demorei a acostumar e a presença de um bichinho me ajudou muito”, assume. Lourdes ficou depressiva e conta que depois que Kiko, seu cachorrinho, chegou à sua casa, ficou com mais disposição. “Converso e brinco com ele o tempo todo. É minha distração para ir levando a vida”.


Já Maria Chaves, 82, que vive sozinha há um ano e meio, mesmo com uma rotina cheia, se sentia sozinha. Para a dona de casa, o dia sempre começa às 5h. Primeiro, com suas auto-massagens ensinadas pelo médico, depois com oração do rosário, caminhada, missa pela televisão e almoço. À tarde, costuma visitar doentes e participa de grupos da igreja, como os vicentinos. Apesar dos afazeres e das visitas freqüentes dos filhos, ainda sentia-se sozinha. “Quando resolvi ter um cachorrinho, tudo mudou. Fiquei mais alegre, tinha alguém para conversar sempre. Eles entendem tudo, só não falam. Muitos são mais amigos que o próprio ser humano”, acredita.

São vários os benefícios do convívio com um animal, mas o psicólogo Aderval Costa alerta: “É muito perigoso transferir tantas expectativas de felicidade para o animal de estimação. Quando ele morrer, o idoso pode ficar pior do que antes”, explica. Ele afirma que, primeiro, as pessoas têm de procurar a razão de viver dentro de si para ficar bem.

19 de mai. de 2010

O inimigo pode estar por perto

A violência intrafamiliar contra o idoso ainda é silenciada pela sociedade

Por Gabriella Bontempo

Por ano, são recebidas pela gerência de valorização do idoso cerca de 1.400 denúncias de maus tratos em todo o Distrito Federal. Se esse dado já é alarmante, o que mais preocupa é que na maioria dos casos, cerca de 55% das agressões são cometidas dentro da própria casa, pelos filhos , netos e genros. Dentre as causas apontadas para essa violência intrafamiliar, destacam-se o desemprego, o uso de drogas e a dependência do agressor da renda da pessoa idosa que, muitas vezes, não consegue se defender.

Essas análises e questionamentos estão no livro o “O conluio do silêncio: a violência intrafamiliar contra a pessoa idosa”, lançado em 31 de março. Nele, os professores Vicente de Paula Faleiros, Altair Macedo Loureiro e Maria Aparecida Penso rompem o silêncio sobre o sofrimento do idoso quanto a agressão familiar.

Ouça a reportagem no link abaixo.


Envelhecer sem deixar de viver

OMS recomenda prática do envelhecimento ativo como política pública para uma geração de idosos saudáveis e atuantes

Por Mariana Domenici

Em outros tempos, a aposentadoria, além de um direito do cidadão, era sinônimo de descanso. Por vezes, significava também uma contínua falta do que fazer. Ultimamente, um fenômeno chamado envelhecimento ativo tem sido observado pelos profissionais da saúde. Os aposentados do século XXI não contribuem mais para o estereótipo do idoso inerte e passivo. São práticos e antenados, como mostra uma pesquisa comportamental da Universidade de São Paulo (USP). Desse modo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o envelhecimento ativo como uma política pública para a terceira idade.

Envelhecer é um processo natural. No entanto, não se deve aceitar viver sem saúde e sem qualidade de vida. O idoso não passou da época de ser feliz nem perdeu os direitos de cidadão, como sugere um antigo modelo de classes. “As pessoas mais velhas são a fonte ativa de saber da sociedade. São a base de gerações passadas e têm muito conhecimento para transmitir ”, afirma a psicóloga e socióloga Susana Sarué.

Dessa maneira, Sônia Guisi, 71, conseguiu driblar a depressão e viver bem, depois de perder o marido e de encarar a solidão. Livrou-se do hábito de beber e das horas excessivas de sono. Trocou o ócio por aulas de hidroginástica e pilates. “Me sinto disposta e bem humorada quando faço exercícios físicos”. Dona de casa, também se entretém nos cuidados com o jardim e a horta. A terapia semanal é outra grande aliada contra os antigos vícios. “Passei muitos anos prejudicando a minha saúde, mas descobri novas soluções para enfrentar os desafios da vida”, conta.

Segundo Susana, o envelhecimento ativo não é uma alternativa, mas necessidade. Em breve, o Brasil deixará de ser um país jovem. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa média de vida brasileira deve ser de 81 anos em 2050. Especialistas estão alarmados com o alto custo que o aumento da população idosa pode representar para a saúde pública. “Se o país não puder proporcionar melhores condições de vida para os mais velhos, por meio de políticas públicas eficientes, terá de gastar rios de dinheiro com internações, cirurgias, tratamentos e remédios”, afirma a socióloga.

Amélia Andrade, 69 anos, dedica-se às aulas de catequese no bairro onde mora. “Quando se chega a uma determinada idade, há o desejo de ajudar na preparação das próximas gerações”, afirma a catequista. Para ela, o passar dos anos ensina a importância do voluntariado. ”A experiência aumenta a noção de solidariedade. Hoje, ajudar os outros é também uma questão de sentir-me útil”, acrescenta.

Diploma de felicidade

Voltar para a faculdade depois dos 50 anos torna-se cada vez mais comum

Por Alice Sarkis

Encontrar pessoas mais velhas em atividades que antes só eram exercidas por jovens não é mais estranho. Prova disso são as universidades, que tem recebido um número maior de pessoas com idade superior a 50 anos. Elas estão interessadas em conhecimento, socialização e muitas vezes na realização de sonhos que não foram possíveis no passado. O Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), por exemplo, já é freqüentado por alunos mais velhos. Os cursos mais procurados são Jornalismo, Gastronomia e Psicologia.

Os estudantes têm a chance de adquirir conhecimento e fazer novos amigos. Muitos percebem que podem entrar numa universidade independentemente da idade. Alguns até preferem estudar agora. É o caso da recém formada em Direito e aposentada, Virginia Costa, 54. “Na minha juventude, tinha muito serviço em casa e filho para cuidar. Não sobrava tempo para o estudo”, ressalta a bacharel que ainda está em dúvida qual área seguir.

Para muitas pessoas, fazer um curso após a aposentadoria não é só a busca por um diploma, e sim a oportunidade de dar mais ânimo à vida. O estudante de arquitetura Roberto Ramos, 60, cursa o 6° semestre e gosta do convívio com os jovens. “Estar aqui com eles todos os dias é agradável e animado”, afirma. Segundo ele, todos os alunos o tratam igualmente.

Um caso curioso é o da estudante de medicina Alessandra Cunha, 23, que tem como colega de classe a própria mãe, Aurora Cunha, 50. Na faculdade, todos as recebem de maneira muito positiva. Os estudantes gostam de ter Aurora como colega, pois se relacionam bem com as duas. Segundo a turma, a idade não interessa: o importante é sempre estar disposto a aprender.

Mais experientes e mais confiantes

Desemprego e falta de oportunidade levam pessoas com mais de 50 anos de volta às salas de aula em busca de cargos públicos

Por Flaviana Damasceno

Estabilidade e bom salário são algumas características do emprego público, sonho de uma parcela significativa da população brasileira. A lei 8.112, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos, prevê a aposentadoria compulsória quando o servidor atingir a idade limite, 70 anos. No entanto, isso não desanima quem, mesmo com a idade avançada, ainda não passou em um concurso público.

O empresário Wagner Roseno é dono de um cursinho preparatório para concursos e percebeu que a demanda de pessoas com mais de 50 anos tem aumentado cerca de 5% ao ano. Para o empresário, a experiência e a força de vontade são as principais características desse público. “Muitas vezes eles querem ter uma ascensão profissional, devido ao fato de que o custo de vida aumentou muito e o atual emprego deles não dá para sustentar a família”, comenta.

Maria Miranda, 56, casou aos 19 anos e teve de deixar os estudos para cuidar da casa e dos filhos. Em 1992, se separou do marido e entrou em depressão. Foi quando resolveu voltar a estudar. Miranda conseguiu o primeiro emprego aos 42 anos, em uma instituição filantrópica, na qual trabalha até hoje. Estuda em cursinho preparatório, mas ainda não conseguiu passar em nenhum concurso. “Tenho dois sonhos: concluir o nível superior e passar em um concurso”, confessa a ex-dona de casa, que cursa a faculdade de administração.

Maria Miranda estuda para passar em um concurso público

Para a professora Maria do Socorro, o número de alunos com mais de 50 tem aumentado, mas não representa fenômeno significativo. “A grande maioria ainda é de jovens”, ressalta. A professora dá aula em cursinhos há 25 anos e acredita que esse aumento ocorreu devido ao desemprego.

A falta de tempo não permite que a secretária Djenane Vale, 57 anos, se dedique aos estudos. Mesmo não freqüentando um cursinho especificamente para concurso, Djenane se inscreve e faz provas regularmente. “Eu acredito que vou conseguir”, afirma a secretária, que está sempre bem informada lendo jornais e revistas diariamente.

13 de mai. de 2010

Corrida pela qualidade de vida

Grupo de maratonistas da Terceira Idade treina firme e mostra resultados positivos

Por Dayara Martins Gomes e Carolina Paccini

“Embora com menos potência, ainda somos bons carrinhos”. A afirmação é do maratonista Rivaldo Guedes Cavalcante, 74 anos. Ele é integrante dos Seminovos, uma equipe de dezessete atletas da terceira idade que esbanja boa forma e animação nas ruas de Brasília. São todos aposentados, com idade entre 65 e 68 anos, que não abrem mão de treinar firme três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas, no Centro Olímpico da Universidade de Brasília.

Orientados pela professora Cláudia dos Santos, 46, os corredores começam os treinos às 8h. A atividade dura 1h15 e engloba musculação, aquecimento, alongamento, acompanhamento da freqüência cardíaca individual, corrida e relaxamento. Nas terças e quintas, o grupo se reúne no Parque da Cidade. Nos finais de semana, participam de competições. Duas vezes por semestre todos são avaliados por equipe médica do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e realizam testes de condicionamento físico.

Rivaldo e Raimunda Carvalho, 57, já possuem medalhas de competições internacionais. “Dificilmente um dos nossos integrantes não sobe no pódio”, completa Neusa Ribeiro, 62 anos. Os atletas já participaram de competições em 13 estados, quatro países e ainda vão participar da corrida de 42km em homenagem aos 2500 anos de existência da maratona, na Grécia.

Há sete anos, os maratonistas se conheceram por meio de um projeto idealizado pela coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física (GEPAFI), Marisete Peralta, da UnB. Como trabalho de Mestrado, a estudiosa criou o programa que busca desenvolver práticas que se apliquem especificamente a esse segmento etário. Para saber mais, acesse http://wwww.gepafi.com.br/


3 de mai. de 2010

Veteranos de Brasília continuam afiados no basquete

Associação brasiliense organiza peladas e participa de competições a nível nacional

Por Leo Renato Bernardes e Samuel Bessa

Fernando Valle, 65, apaixonou-se pelo basquete aos 7 anos de idade, em Portugal, seu país de origem. Jogou até os 17, quando veio para o Rio de Janeiro, onde o esporte não era tão difundido. Depois de mudar-se para Brasília, em 1972, começou a jogar tênis para não ficar parado. Há cinco anos, porém, teve a oportunidade de voltar à prática favorita. Foi convidado aos jogos de um grupo de veteranos que mantinha viva a paixão pelo basquetebol. Hoje, as segundas e quartas-feiras são sagradas para Fernando. “São os dias das peladas com o pessoal da Avabra. É onde me divirto, faço amigos e me exercito”, conta.

A Associação de Veteranos e Amigos do Basquetebol de Brasília (Avabra) começou em 1989 e recebe quem queira praticar o esporte tanto para diversão quanto para competir. O grupo organiza partidas semanalmente, desde 1996, na Escola Caseb, na 910 Sul. Para se associar, é necessário contribuir com R$ 90 para o aluguel do ginásio, manutenção dos materiais e outras despesas. Então, o participante ganha uma camisa dupla-face para frequentar as peladas. Hoje, são cerca de 80 associados. Os jogos exclusivos dos veteranos ocorrem às segundas e quartas, a partir das 18h.

Luiz Souza, 55, é um dos fundadores do grupo e freqüentador assíduo das peladas semanais. Atual vice-presidente da Avabra, Ratão, como é conhecido, começou a jogar basquete aos 14 porque era muito alto e chegou a integrar seleções de base de Brasília. Como veterano, representou o Brasil em campeonatos mundiais. Competiu em Helsinque, na Finlândia, em 1997, e em Lubijana, na Eslovênia, em 2001. Até hoje, Ratão não perdeu o espírito competitivo e continua a disputar campeonatos pelo Brasil. “Jogamos até o corpo agüentar”, avisa.

Em junho, a Avabra organizará o campeonato regional de Masters, com equipes de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Distrito Federal. As partidas serão realizadas no ginásio do Caseb. Para mais informações sobre a competição e a associação, basta acessar o site www.avabra.com.br.

Assista abaixo ao vídeo das peladas da Avabra com uma mensagem especial para você!

Idosos viajam mais e setor estima crescimento de 20%

Com incentivos do Ministério do Turismo e pacotes especiais, mais idosos têm oportunidade de conhecer o país

Por Gabriella Bontempo

Dona Iraci Ferreira mostra com cuidado e empolgação os álbuns de suas viagens. A goiana, de 63 anos, já conheceu Caldas Novas e agora arruma as malas para a próxima aventura: Natal (RN). Para ela, conhecer o país é uma nova paixão e por isso não vai perder mais tempo em casa.

Assim como Iraci, mais de 100 mil idosos viajaram em 2009 por meio do programa Viaja Mais Melhor Idade, do Ministério do Turismo, que facilita e incentiva brasileiros acima de 60 anos a viajarem pelo país. Segundo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), para este ano, a meta é de crescimento de 20%.

Para que os pacotes do programa sejam mais acessíveis, as saídas são feitas apenas nos períodos de baixa temporada, ou seja, nos meses sem férias escolares ou fim de verão. Além de pacotes, o viajante da terceira idade tem a opção de encontrar hotéis e pousadas com preços especiais. O valor do desconto pode chegar a 50%.

O aumento da população idosa que vive de aposentadoria representa um novo segmento para o turismo. Dados do estudo “O Perfil do Turismo dos Idosos no Brasil”, realizado para a Consultoria da Câmara dos Deputados, dizem que no Brasil, a participação é de cerca de 20% de idosos viajando todos os anos. Com esse resultado positivo, agências de viagem, como a CVC, ampliaram sua atuação nessa faixa etária e oferecem, inclusive, saídas marítimas além de rodoviárias e aéreas.

De acordo com o diretor da Braztoa, Afonso Gomes Louro, os idosos têm preferências por roteiros nacionais, que incluam praias ou campos. Para os idosos do Distrito Federal, as saídas mais procuradas são: Caldas Novas e Rio Quente (GO), Foz do Iguaçú (PR), Natal (RN), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Porto Seguro (BA) e Serras Gaúchas (RS).

Segundo Lays Carvalho, da Marca Brasil, o público médio em cada viagem é variado, uma vez que eles podem viajar em grandes grupos ou de forma independente. “Essa é uma oportunidade de conhecer novos lugares, fazer novos amigos e rever os antigos”, afirma.