4 de nov. de 2009

Educação a Distância para Idosos

Os idosos estão se inserido nas novas tecnologias – e já falam em aproveitar os benefícios da Educação a Distância para melhorar a qualidade de vida

Por Brunna Guimarães



Atualmente grandes mudanças transparecem nas diversas dimensões da nossa sociedade que, como um todo vem se tornando informatizada. A nova geração nascida no universo das imagens, ícones, teclas, dos jogos eletrônicos ultra modernos possui grande desenvoltura e intimidade com a operacionalização dos meios eletrônicos. Mas, grande parte da população idosa convive, ainda, de forma conflituosa com as rápidas e complexas mudanças tecnológicas.

Manipular novos eletrodomésticos, celulares, caixas eletrônicos e principalmente o computador nem sempre é considerado algo fácil para os idosos. Mas esse perfil do idoso debilitado, dependente dos outros e excluído da tecnologia vem mudando muito nestes últimos anos. A população idosa que por fatores de transição e especificidades ficou excluída do processo de inclusão tecnológica, desponta hoje buscando interagir com o computador e a Internet.

Dados atuais mostram que entre a maioria dos novos usuários da internet estão os idosos, o que faz com que muitas pesquisas questionem se essa nova aquisição tecnológica e aprendizagem da nova linguagem são capazes realmente de trazer melhoria da qualidade de vida para os idosos.

Dentre elas, está o projeto de pesquisa “Atenção à Saúde e a Qualidade de Vida dos Idosos”, realizado por pesquisadores da Universidade Católica de Brasília e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O grupo, composto por membros do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da PUC-SP e da UCB criou um componente com o nome de Ambiente Virtual de Aprendizagem, que realizou uma pesquisa para saber a qualidade de vida dos idosos que interagem com a internet.

Coordenado pelo professor Vicente Paulo Alves, a pesquisa avaliou 128 questionários dirigidos a idosos moradores da cidade de Brasília e São Paulo e com experiência no uso da internet. Na primeira etapa foram feitas entrevistas com pessoas de 60 a 89 anos que tinham intimidade com o computador e a internet, para conhecer os interesses e os hábitos desse segmento. “Este estudo identificará as demandas e interesses dos idosos na utilização das tecnologias de aprendizagem em ambiente virtual, de modo a mapear as tecnologias mais adequadas à terceira idade e aferir seu papel promotor de reinserção do idoso no mundo moderno”, afirma Vicente.

O projeto busca promover maior qualidade de vida na velhice com a inserção dos idosos em ambientes virtuais de aprendizagem. Tanto o Programa de Gerontologia de UCB de Brasília, quanto a PUC-SP, dispõem de iniciativas de utilização de tecnologias de aprendizagem a distância que contemplam o público acima dos 60 anos. “Elaboramos conteúdos e ambientes virtuais amigáveis aos idosos. Neste momento, estão sendo realizados cursos em que se pretende medir a qualidade de vida dos idosos antes e após a realização do curso”, afirma o professor.

Com base nas informações obtidas pelo diagnóstico, são percebidos efeitos potencialmente benéficos da tecnologia na subjetividade dos idosos, o que acaba proporcionando maior qualidade de vida em temas relacionados à saúde, interação social, cidadania, e acesso a produtos e serviços.

A dona de casa Luzia Maria de Oliveira, 69 anos, de São Paulo, conta que a internet facilita e traz muita companhia a sua vida. “Eu digo sempre que a tela do meu monitor se tornou a minha sala de visitas, onde eu recebo com carinho meus familiares e amigos. Gosto muito da net e tenho muitos amigos até fora do Brasil. Acho que todo idoso deveria aprender a procurar as músicas que gostam de ouvir, falar com os parentes e amigos que moram distantes, aprender a colocar as fotos dos netinhos que a gente ama - tudo isto é muito prazeroso para nossa idade”, revela Luzia.

A aluna do Centro de Referência do Idoso de São Bernardo do Campo (CRI), a aposentada Máxima Aparecida Conceição, 61 anos, afirma também que a internet aliada a uma vida saudável proporciona um grande bem estar. “Procuro sempre manter uma boa alimentação, faço exercícios físicos, mas gosto mesmo é de dançar. E graças a internet, eu e o Antonio, meu namorado, temos muitos amigos da net, que organizam encontros, quase que mensalmente, em bailes, restaurantes, praia, aniversariantes do mês, saraus, etc. E isso faz com que viajemos e nos divertimos muito tendo uma vida social intensa. Alem de cursos que já fizemos no CRI, ocupamos bem o nosso tempo e com qualidade de vida.

O projeto ainda está em andamento e deve finalizar agora em novembro. Dados parciais da pesquisa apontam que a interação com do idoso com a internet proporciona: maior inclusão, já que ajuda no rompimento do isolamento social ainda imposto na velhice; favorece o idoso no mercado de trabalho; amplia seus conhecimentos; amplia ou mesmo resgata os vínculos familiares; resgata o sentido de pertencimento; ajuda a superar os medos e resistências às novas tecnologias; promove maior qualidade de vida, evidenciando a capacidade do idoso de ser, livre, autônomo, criativo e determinado; ajuda na manutenção e ativação da memória; ameniza a solidão; favorece a parte financeira, já que a comunicação com familiares ou amigos se torna mais barata.

De acordo com a pesquisa, fica muito claro que a navegação na internet pode trazer mudanças significativas para as pessoas com mais idade. Evidencia, também, que o advento da tecnologia deve prover a pessoa da terceira idade com oportunidades, para que esta tenha acesso à educação continuada e à distância, estimulação mental e bem estar.

Neste sentido, torna-se fundamental apoiar iniciativas que objetivem criar novos cursos de Introdução a Informática, destinados a população idosa, oportunizando a essa significativa parcela da população brasileira o acesso, por meio do aprendizado adequado, de novas tecnologias. “A união da tecnologia com a qualidade de vida, mostra que é possível realizar educação à distância para atualizar os idosos diante de uma nova sociedade que precisa vencer o preconceito contra a idade e apontar novos caminhos para a inclusão digital do idoso, tendo em vista a sua longevidade”, finaliza Vicente.

Envelhecer com dignidade ainda é um desafio a ser conquistado

“Não é razoável que tantos esforços sejam feitos para prolongar a vida humana, se não forem dadas condições adequadas para vivê-la”, Marcelo Salgado

Por Brunna Guimarães

O mundo está passando por uma transformação demográfica sem precedentes, até 2050 o número de idosos aumentará de 600 milhões a quase 2 bilhões. No decorrer dos próximos 50 anos haverá no mundo, pela primeira vez na história mais pessoas acima de 60 anos que menores de 15, equivalendo dizer que a população de idosos aumentará de 10% para 21% em 2050. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios – PNAD 2005/IBGE existem aproximadamente 18,5 milhões de idosos, o que representa 11% da população brasileira.

O processo de envelhecimento pelo qual vem passando a população mundial demanda um olhar atento às peculiaridades desse segmento etário por parte do poder público, família e da sociedade, pois o envelhecimento demanda a proposição de diversas estratégias, ações e serviços que respondam às necessidades de atenção, proteção e defesa dos direitos das pessoas idosas.

O Estatuto do Idoso, sancionado em 2003, representa um grande avanço ao garantir às pessoas com idade igual ou acima de 60 anos proteção, facilidades e direitos condizentes com a idade, como por exemplo prioridade no atendimento e facilidade de acesso aos meios e recursos necessários à existência.

Por meio dos seus 118 artigos, o Estatuto resgata os princípios constitucionais que garantem aos cidadãos idosos direitos que preservam a sua dignidade. Segundo ele, toda pessoa tem direito a receber proteção especial na velhice, tendo, portanto, direito à saúde; ao trabalho; à igualdade; à educação; à participação política; ao desenvolvimento; ao reconhecimento; à valorização de sua condição econômica; ao meio ambiente acessível; e a viver livre da violência.

Segundo a psicóloga Fátima Rodrigues, membro do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa – CNDI, os preceitos legais do Estatuto do Idoso, na sua grande maioria, ainda não se concretizaram. “O Estatuto do Idoso ainda está em processo de efetivação. Muitas batalhas já foram ganhas, todavia ainda persistem inúmeros desafios que demandam do Poder Público,vontade política e da Sociedade Civil participação, monitoramento e reivindicação para tornar factível o estatuto”

Um dos principais desafios do Poder Público é empoderar a população brasileira, principalmente os idosos, tornando acessível o conhecimento dos Direitos Fundamentais da Pessoa Idosa. As pessoas idosas devem ser participantes plenas no processo de desenvolvimento e partilhar também os benefícios que alcancem.

O aposentado brasiliense Gilberto Silveira, 72, conta que um dos grandes problemas que impedem que os direitos mínimos da população idosa sejam assegurados verdadeiramente são os serviços públicos mal estruturados. Ele questiona que o programa de atenção integral a saúde aos idosos, prometido pelo Estatuto é muito precário e o atendimento atualmente prestado pelo SUS ainda é muito ineficiente. “Nos hospitais e nos postos de saúde os direitos dos idosos são desrespeitado. Falta atendimento domiciliar, quase não existem programas permanentes de prevenção de doenças crônico-degenerativas, faltam recursos e medicamentos, melhorar instalações físicas e equipamentos adequados”, desabafa Silveira.

Para o aposentado as atividades de promoção da saúde e o acesso universal de idosos aos serviços de saúde durante toda a vida são imprescindíveis para o desenvolvimento social do Brasil. Sobre isso Fátima Rodrigues declara que é inegável que muito falta por fazer. “É necessário criar unidades de referencia por regiões, com equipes especializadas para atendimento de qualidade ao idoso, destacando principalmente à humanização dos serviços saúde, já que nessas unidades deveriam estar abertas aos grupos de idosos também atividades culturais e sociais”, declara a psicóloga.

Para ela outro desafio, não menos importante, é capacitar e sensibilizar profissionais para o trabalho com idosos. Pois a falta de sensibilidade assume diferentes formas, desde a utilização de expressões que “infantilizam” o idoso, até o descaso ou emprego de formas rudes de tratamento. Desta forma é essencial investir na formação e capacitação de profissionais que trabalham com idosos para que estes se tornem especializados no envelhecimento.

Sobre a implementação do Estatuto do Idoso, Fátima Rodrigues afirma, que o Poder público ainda está longe de cumprir a sua parte para a vigência eficaz do Estatuto. De acordo com a Conselheira, cabe ao governo a responsabilidade principal de conduzir a liderança sobre as questões relativas ao envelhecimento e, principalmente para a aplicação do Plano Internacional sobre envelhecimento, e para isso é indispensável a colaboração eficaz entre os governos nacionais e locais, os organismos internacionais, os próprios idosos e suas organizações e outros setores da sociedade civil, incluídas as organizações não governamentais e ainda o setor privado.

3 de nov. de 2009

Tratamento com animais traz benefícios a idosos


O contato com animais exercita e estimula habilidades cognitivas e a memória afetiva de idosos com Alzheimer


Por Brunna Guimarães


O envelhecimento da população mundial traz grandes desafios à sociedade moderna. Nos últimos anos, tem sido muito debatido no Brasil a explosão populacional de pessoas idosas e a redução de nascimentos. Segundo estudo recente promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000 a proporção de idosos era de 17,8 para cada 100 jovens. Mas esses dados, estão mudando radicalmente, estima-se que em 2050, serão aproximadamente 102 idosos para cada 100 jovens.

Desta forma, torna-se fundamental promover iniciativas para a melhoria das condições de vida da população acima de 65 anos. E uma delas é buscar meios para tratar um dos fenômenos que mais fragiliza os idosos, a senilidade, manifestada pela vilã, que tenta aos poucos apagar nossas mais valiosas lembranças, a Doença de Alzheimer (DA).

Estudo realizado pela psicóloga e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Luciana Teixeira Guimarães, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), investigou os benefícios propiciados pela terapia assistida com animais em idosos institucionalizados com diagnóstico de processo de demência, tipo Alzheimer. Teixeira revelou que os idosos, sobretudo quando vivem em asilos, sentem uma enorme necessidade de receber demonstrações de afeto, como o toque, atenção e carinho, o que muitas vezes acaba não ocorrendo, pois estão afastados do convívio social.

Terapia afetiva

De acordo com Teixeira, a terapia com animais enfatiza bastante o tato e o contato, além de exercitar habilidades cognitivas como a memória afetiva, ou seja, aquela despertada por algum fato que traz lembranças de histórias vividas com certa ligação afetiva.

A coleta de dados, ocorreu por meio de observação, durante o tratamento em atividade assistida do Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais (INATAA) - “Projeto Cão do Idoso” na Instituição “Associação Beneficente A Mão Branca de Amparo aos Idosos”. O projeto tem como objetivo realizar a terapia assistida com animais em casas de repouso e abrigos para idosos, na cidade de São Paulo.

O método aponta diversos benefícios aos pacientes, tais como: diminuição da pressão sanguínea e freqüência cardíaca do uso de calmante e antidepressivo; melhora do sistema imunológico; estímulo da interação social; melhora da capacidade motora; diminuição da quantidade de medicamentos utilizados e melhoria da auto-confiança e auto-estima.

O projeto recebe o acompanhamento de profissionais de diversas áreas, veterinários, psicólogos e assistentes sociais, são algumas das pessoas envolvidas. Os cachorros estão sempre muito limpos e com exames que comprovam sua saúde. São escolhidos levando-se em conta as necessidades dos idosos, uma avaliação de comportamento, para impedir situações desagradáveis, como mordidas, latidos inadequados, brigas com outros cães, inquietude, ou mesmo a falta de interesse na interação.

Luciana conta que a terapia com animal se tornou ainda mais importante ao enfocar idosos com a doença de Alzheimer, os quais, devido não só as limitações da idade como também da doença, tendem a se sentir ainda mais desvalorizados e inúteis. É nesse momento, que essa atividade se torna muito estimuladora. “A terapia utiliza atividades que os estimulem à participação e faça-os exercitar funções cognitivas, de forma a tentar preservá-las por um tempo mais longo”, afirma Teixeira.

Três idosas com diagnóstico de Alzheimer em processo inicial, foram analisadas durante seus encontros com os respectivos animais. As idosas participantes do estudo, se mobilizaram afetivamente. “Percebemos que elas cuidaram mais de seus corpos, arrumaram-se, falaram mais, usaram recursos inclusive imaginativos e criativos nas entrevistas e respostas a questões, sobre os cães, que envolviam memorização”, afirma Teixeira.

Mesmo pessoas idosas que não tem Alzheimer, afirmam que seus cachorros trazem um enorme bem-estar não só emocional, mas também físico. A aposentada brasiliense, Lucimara Pereira, de 68 anos, acompanhada de Bela, sua Cocker Spaniel, de 9, conta um pouco de sua relação com o animal.

“Não tenho dúvidas de que um cachorrinho traz sempre alegria e motivação a família. E no meu caso digo mais, Bela se tornou minha grande companheira. Claro que com ela, passei muitas dificuldades, apertos e cansaço, pois Bela desde pequena sempre foi uma bagunceira de mão cheia, mas em troca ela me trouxe alegria, risos, força de vontade para me exercitar, já que tenho que descer com ela, três vezes ao dia e também ela sempre preenche muito do meu dia, pois meus filhos se casaram e trabalham demais o que é normal, mas muitas vezes me sinto só, e a presença dela me conforta e diminui minha solidão”, afirmou Pereira

No final da pesquisa, a psicóloga comprovou que o relacionamento afetivo com os cães permite realmente resgatar a capacidade de utilizar a arte da lembrança e o uso da imaginação. Houve aumento da espontaneidade verbal, inclusive do humor na comunicação das senhoras estudadas. Teixeira conta que na relação com o cachorro permeiam-se sensações, emoções, palavras, imagens e posturas. Assim o animal passa a ser um caminho pelo qual o idoso pode expressar de forma corporal e simbólica com suas lembranças, seus sentimentos, pensamentos e conceitos.

“Recordar vivências é o caminho da re-significação da história pessoal presente. Caso estas senhoras tivessem suas comunicações invalidadas, consideradas sem sentido, avaliadas em falsas memórias, a sua verbalização diminuiria, o que poderia acarretar no avanço da situação de Alzheimer”, finaliza Teixeira.

Alzheimer

Essa infermidade integra o grupo das doenças mais comuns na velhice. Ataca o sistema cognitivo do indivíduo e acarreta a perda gradual da autonomia decorrente de um declínio funcional progressivo. Esse processo, que deteriora sobretudo a memória, que se inicia por perdas em curto prazo e se agrava, comprometendo as atividades diárias. Perda de concentração, desatenção, perda de iniciativa, retraimento social, abandono de passatempos e mudanças de humor, são alguns sintomas que podem aparecer.

2 de nov. de 2009

Dificuldades de Locomoção - Rádio

Por Thomás Guida Bernardo