Por Mariana Rosa de Lima
Começa sempre com um aquecimento animado, seguido por atividades em dupla. O uniforme é calça vermelha, blusa branca e tênis. O professor conhece cada um pelo nome. Afinal, são 12 anos de convivência e com alunos fiéis desde o início. O projeto de atividade física sobre a bandeira da 13ª Companhia Regional de Incêndio foi criado pelo bombeiro Cabo R. Júnior. O também professor de educação física supervisiona 250 idosos, divididos entre as turmas da 6h30 da manhã e da 7h30, nas segundas, quartas e sextas. As aulas são direcionadas para alongamento, flexibilidade, exercício localizado e trabalho aeróbico. Atualmente, se realizam na quadra cedida pelo SESC, no Guará. O local definitivo, na sede do Corpo de Bombeiros da cidade, está sob reforma e deve ficar pronto até julho desse ano.
As aulas fazem parte do projeto Bombeiro Amigo, que inclui doações de leite materno e ensino de taekwondo para adolescentes. Devido ao baixo número de funcionários na região, por várias vezes o programa correu risco de acabar. “Já tentaram me tirar do projeto, mas a população não deixa. Criei um vínculo forte de amizade com os alunos”, acrescenta Júnior. É o caso de Maria de Lourdes Sousa, uma das primeiras alunas da turma. Ela conta que o professor é como filho. Sempre bem humorado, cuida deles com respeito aos limites físicos e pessoais. “Venho aqui há 12 anos. Agora passei a trazer o meu marido. Acho que rejuvenesci depois que passei a praticar as aulas”, conta Maria.
O principal desafio do professor é identificar a debilidade de cada um. “Muitos idosos chegam deprimidos e com a saúde debilitada. São frágeis física e psicologicamente”, afirma Júnior. Outra dificuldade é levantar a auto-estima dos alunos, que variam de 30 a 90 anos. “Leio muito sobre o assunto. Tem vezes que eles me tratam mal, mas depois procuram me agradar de outra forma. Muitos são excluídos na família e aqui se sentem seguros e alegres”. Com a bagagem adquirida, Júnior pretende em breve escrever um livro sobre atividades físicas voltadas para a terceira idade.
Dona Encarnacion Graciane, 84, frequenta às aulas há quatro anos. A filha Rosa Maria, 54, afirma que a mãe se sente cada dia mais disposta e se perde a classe passa o dia triste. “Ele chegou a cair três vezes no mesmo mês. Não conseguia nem subir no carro e ficou depressiva. Um dia vi umas pessoas de uniforme na rua e perguntei o que era. Me falaram do professor e das atividades. Contei para mamãe e ela adorou a ideia”. As duas participam da aula e sentem os benefícios da atividade física praticada regularmente. “É uma pena que os idosos não se atrevam a participar. É um momento gratuito de confraternização”, finaliza Rosa.
Não existem contra indicações para participar do grupo. É preciso apenas apresentar atestado médico. O professor também cobra que cada um frequente ao menos duas vezes por ano o cardiologista e tome corretamente os remédios indicados.
Serviço: Corpo de Bombeiros do Guará - 3901-5964
Professor Cabo R. Júnior – buiutkd@ig.com.br