19 de mai. de 2010

Envelhecer sem deixar de viver

OMS recomenda prática do envelhecimento ativo como política pública para uma geração de idosos saudáveis e atuantes

Por Mariana Domenici

Em outros tempos, a aposentadoria, além de um direito do cidadão, era sinônimo de descanso. Por vezes, significava também uma contínua falta do que fazer. Ultimamente, um fenômeno chamado envelhecimento ativo tem sido observado pelos profissionais da saúde. Os aposentados do século XXI não contribuem mais para o estereótipo do idoso inerte e passivo. São práticos e antenados, como mostra uma pesquisa comportamental da Universidade de São Paulo (USP). Desse modo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o envelhecimento ativo como uma política pública para a terceira idade.

Envelhecer é um processo natural. No entanto, não se deve aceitar viver sem saúde e sem qualidade de vida. O idoso não passou da época de ser feliz nem perdeu os direitos de cidadão, como sugere um antigo modelo de classes. “As pessoas mais velhas são a fonte ativa de saber da sociedade. São a base de gerações passadas e têm muito conhecimento para transmitir ”, afirma a psicóloga e socióloga Susana Sarué.

Dessa maneira, Sônia Guisi, 71, conseguiu driblar a depressão e viver bem, depois de perder o marido e de encarar a solidão. Livrou-se do hábito de beber e das horas excessivas de sono. Trocou o ócio por aulas de hidroginástica e pilates. “Me sinto disposta e bem humorada quando faço exercícios físicos”. Dona de casa, também se entretém nos cuidados com o jardim e a horta. A terapia semanal é outra grande aliada contra os antigos vícios. “Passei muitos anos prejudicando a minha saúde, mas descobri novas soluções para enfrentar os desafios da vida”, conta.

Segundo Susana, o envelhecimento ativo não é uma alternativa, mas necessidade. Em breve, o Brasil deixará de ser um país jovem. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa média de vida brasileira deve ser de 81 anos em 2050. Especialistas estão alarmados com o alto custo que o aumento da população idosa pode representar para a saúde pública. “Se o país não puder proporcionar melhores condições de vida para os mais velhos, por meio de políticas públicas eficientes, terá de gastar rios de dinheiro com internações, cirurgias, tratamentos e remédios”, afirma a socióloga.

Amélia Andrade, 69 anos, dedica-se às aulas de catequese no bairro onde mora. “Quando se chega a uma determinada idade, há o desejo de ajudar na preparação das próximas gerações”, afirma a catequista. Para ela, o passar dos anos ensina a importância do voluntariado. ”A experiência aumenta a noção de solidariedade. Hoje, ajudar os outros é também uma questão de sentir-me útil”, acrescenta.

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