15 de out. de 2009

Donas de Mãos Arteiras

Bruno Magalhães

Grupo de senhoras se reúne aos sábados para costurar e promover a solidariedade aos recém nascidos dos arredores de Sobradinho/DF







Aos sábados de manhã, um grupo de pelo menos quatro senhoras se reúne para trabalhar. Não um trabalho qualquer. Uma atividade, segundo elas, voltado para a caridade. Donas das “idades secretas”, Geny Vaz de Mello, Yvette Bancillon, Eunice, Conceição e Juracy Pessoa confeccionam enxovais para bebês recém nascidos. O grupo, intitulado Auta de Souza, faz parte do programa de solidariedade realizado por voluntários na Casa Espírita Chão de Flores, em Sobradinho/DF. O grande objetivo do grupo? Trabalhar em prol da comunidade de baixa renda. O que elas têm em comum? Vontade de ajudar.

Em um computador usado ao canto da sala, músicas instrumentais e de relaxamento envolvem o ambiente. Nas mãos das senhoras, o som das máquinas de costura. Grande falatório e muita experiência de vida para contar. O grupo existe desde 1962. Yvette, por exemplo, costura desde o início. “Há um rodízio muito grande de voluntários. Sempre entra e sai gente, mas eu costuro desde o começo”, conta.
As senhoras são unânimes: não existe uma linha de produção e um número exato de peças feitas para o enxoval por mês. Mas, quando há uma grávida cadastrada na Casa prestes a ganhar o bebê, o enxoval completo é entregue. “Nós temos nossos compromissos e com a nossa família e às vezes fica difícil vir costurar, mas sempre tem trabalho e gente para fazer”, afirma Geny. “Os enxovais são entregues com sabonetes, mantas, sapatinhos, cueiros, paletós e muito amor”, diz.

HISTÓRIA
As primeiras costuras começaram em 1962 na casa de uma antiga integrante do grupo, Noêmia Rosmaninho. No começo, o trabalho foi feito com as máquinas de costuras delas. Depois, outras máquinas foram doadas por um grupo similar ao Auta de Souza. À época, elas trabalhavam mais no remendo de roupas usadas, posteriormente vendidas em bazar beneficente. Entre um remendo e outro, paravam para um lanche, “um chazinho”. “Meus netos me acompanharam desde cedo na costura e adoravam a hora do lanche”, lembra Yvette.

Quando a sede da Casa Espírita passou a ser em uma chácara, localizada em Sobradinho II/DF., as moças da costura também criaram o espaço delas lá. O material para trabalho eram (e ainda são) feitos por doações de retalhos e tecidos. “Muitas vezes essas doações vem de nós mesmos, que precisamos do material para produzir e ajudar a comunidade”, diz Juracy. Hoje, a Casa Espírita Chão de Flores tem sua sede no Setor de Expansão Econômica de Sobradinho/DF. É lá que também fica a sala de costura.

Entre uma conversa e outra, as senhoras destacam que esse trabalho é um jogo de duas vias. As famílias saem ganhando com a solidariedade e elas ganham a oportunidade de ajudar. Entre elas, há muito companherismo também e, quando uma pensa em esmorecer se queixando da vida, as outras já falam logo: “Que isso, mulher! A vinda é linda! Pelo menos nós temos esse trabalho aqui ainda pra fazer”.



* Agência Terceiro Olhar - notícias e direitos da terceira idade, disciplina “Agência de Notícias”, Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB

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