15 de out. de 2009

Não quero só “ficar”



Ana Carla Rocha

Idosos viúvos cada vez mais apostam em um novo casamento

Que nós estamos vivendo mais, todo mundo sabe. A melhoria das condições de vida, os avanços tecnológicos e científicos têm contribuído para um aumento significativo na população idosa do país. Mas, os brasileiros não estão apenas vivendo mais, estão se casando novamente. A expectativa de vida, que hoje é 35% mais alta do que cinqüenta anos atrás, é a grande responsável pelo fenômeno.

A última pesquisa realizada pelo IBGE, em 2007, trouxe dados interessantes: a taxa de nupcialidade legal para homens na terceira idade é de 3,3%; já para as mulheres, o índice cai para 0,8%. Especialistas explicam que os homens idosos gostam e sentem a necessidade de cuidados femininos, por isso eles são mais suscetíveis ao casamento na maturidade, ao contrário das mulheres.

É o que confirma o aposentado Zedequias Peixoto, 80, que se casou novamente, cinco anos após ter ficado viúvo. “Esses cinco anos vivi uma vida sem ânimo, vazia e solitária”, afirma Zedequias. O aposentado conta que não manifestava vontade de se casar novamente, apesar de se sentir sozinho. Mas amigos e parentes em comum o apresentaram para Maria Ester, quase trinta anos mais jovem. Os dois se conheceram durante seis meses e resolveram se casar.

No início, Zedequias confessa ter sentido receio de que seus filhos, apesar de serem todos independentes e terem suas famílias, demonstrassem rejeição. Houve alguns momentos de dificuldade, mas logo a família se entrosou com a nova esposa. O novo casamento devolveu a autoestima de Zedequias e trouxe mais ânimo à sua rotina. Hoje o casal viaja constantemente. Já conheceu várias cidades do litoral nordestino e visita parentes frequentemente. “Nessa fase da vida não temos mais intenção de constituir família, o que queremos é uma boa companhia”, diz Maria Ester.

A aposentada Célia Oliveira, 69, também decidiu apostar no casamento na fase madura. Célia ficou viúva durante sete anos e se cansou de viver sozinha. “Meu primeiro casamento foi muito bom, mas depois do falecimento do meu marido me senti muito sozinha e decidi me dar uma segunda chance de ser feliz”, desabafa Célia.

Célia conta que conheceu Luís Roberto, 76, em um encontro da igreja. O casamento se realizou um ano depois. “Tive receio de me aproximar, mas estava muito interessado e tomei coragem para fazer contato”, revela Luís. Os três filhos de Célia, todos adultos, ficaram muito feliz com a união, pois achavam que a mãe andava muito desanimada. Luís era divorciado e teve apenas um filho, que vive longe. Este ano, o casal comemora dez anos de união bem-sucedida.

* Agência Terceiro Olhar – notícias e direitos da terceira idade, disciplina “Agência de Notícias”, Instituto de Educação Superior de Brasília – IESB.

Nenhum comentário:

Postar um comentário