Participação profissional de idosos em trabalhos voluntários é uma das estratégias para o envelhecimento ativo
Por Mariana Domenici
A adaptação social dos idosos é fundamental para a boa qualidade de vida da classe. No entanto, não se deve confundir participação social com caridade. Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que não quer que as políticas públicas de envelhecimento ativo sejam vistas como assistencialismo. A proposta fala de inclusão social e de contribuição profissional. Uma das políticas públicas sugeridas pela ONU é o serviço voluntário.
Para entender melhor, o primeiro passo é considerar o voluntariado sob a perspectiva de “atuação profissional para os aposentados”, explica a socióloga Susana Sarué. Estudos da Faculdade de Saúde Pública (FSP) demonstram que um quarto dos idosos pratica trabalho voluntário no Brasil. Nos Estados Unidos e na Europa, o índice chega aos 70% e representa mudanças no cenário internacional: “Os países mais desenvolvidos entenderam que os mais velhos podem – e devem – intervir no quadro social do país”, afirma a socióloga.
Elza José, 74, passou por alguns obstáculos desde que o marido morreu. Desacostumada a morar sozinha e a depender de filhos, chegou a achar-se “uma velha que vive a incomodar os outros”. As perspectivas mudaram quando ela decidiu fazer parte de uma turma de bordadeiras que se dedicam voluntariamente a vestir crianças carentes. “Aceitei o convite de uma vizinha e fui bordar com elas. Em pouco tempo, estava rodeada de novas amigas e a minha casa, cheia de companheiras de trabalho”, conta entusiasmada.
A casa de costura fica no Núcleo Bandeirante e conta com cerca de 30 aposentadas. Elas confeccionam centenas de roupinhas por mês e distribuem em creches e em abrigos para menores. Bordadeira dedicada, Dona Elza trabalha diariamente e fica contrariada quando precisa faltar. Ela parece ter entendido a importância da participação voluntária: “O nosso trabalho veste aquelas crianças carentes e a minha contribuição faz diferença”, alegra-se.
Para a socióloga, as práticas de envelhecimento ativo são também um fenômeno cultural, cujas perspectivas de crescimento nacional são boas. “No Brasil, essa política pública é praticada significativamente apenas há cerca de uma década. As gerações futuras trarão uma maior consciência sobre a importância do tema”, afirma.
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